UM DIA DE FAMA
O mocinho desta historia sem pé nem cabeça, começa à procura de fama. Até andou conseguindo alguma, mas não era a fama, propriamente dita, de um artista de cinema, entrementes, Zé arriscava copiar um dom Juan de quinta categoria, com suas amasiadas, meio cortesãs, alpinistas sociais ou galopantes interesseiras, que vez por outra, após conseguirem satisfação financeira, davam-lhe um pé-na-bunda, mas isso era café pequeno, Zé gostava mesmo era da aventura, mesmo sabendo que não passava de um objeto de consumo temporário. Mas quem se importa? Zé sempre foi um homem de duas mulheres. Até dão conta pela aldeia que Zé esnoba a teúda e a manteúda na mesma tenda.
Talvez Zé tivesse uma fórmula na cabeça, uma programação que apesar dos esforços não dava um resultado lá muito satisfatório. Zé precisava criar um argumento que lhe levasse ao topo da fama, então certo dia, de posse de sua bíblia, postou-se numa autoestrada e meio a velocidade dos caminhões, passou a ditar versículos e nada da fama chegar. Zé foi tramando, tramando, tramando e escorregando ali e acolá, até que um diabinho apareceu e soprou no ouvido esquerdo de Zé: Tu precisas fazer alguma coisa que te leve pra TV, pro rádio e pra internet! E veio um anjinho e soprou no ouvido direito de Zé: cuidado, não te deixes levar pela ganancia! Mas Zé que era tinhoso, deu um tapa no anjinho, jogou a bíblia pro alto, beijou as bochechas do diabinho, se apossou de sua mais terrivel ideia, entrou num caminhão e mesmo sem saber que rumo tomaria, despencou numa velocidade, ladeira abaixo, a mais de 200 por hora até chegar na barreira da polícia.
Zé viu os avisos de pare, mas não parou. Atravessou em alta velocidade. Nesse momento a sirene da policia tocou e Zé com seu sorriso congelado, gritava pela janela que ninguém o pegaria. Só que Zé não contava que um caminhão sem gasolina não anda e o combustivel acabou. Acabou, também, a aventura, e Zé foi parar no xilindró.
Exatamente como o diabinho disse, veio a TV, o rádio, a internet. Na aldeia todos os aldeães e aldeãs comentam a aventura de Zé que conheceu o inferno da fama pela primeira vez.
O anjinho aparece com os cabelinhos descachelados, por conta do tabefe que Zé lhe deu, sorriu um sorriso de compaixão, entre duas lágrimas, e lhe disse: Eu te avisei, Zé, eu avisei!
FIM
Esta historinha é uma obra literária e não tem nenhuma relação com fatos reais. Qualquer semelhança terá sido apenas mera coincidencia.