sexta-feira, 13 de abril de 2012

Seria o Zé do Povo um caudilho mentiroso?




Tenho um gosto acentuado por pensar em palavras rebuscadas e fazer, mentalmente, um conceito delas. É um exercício mental que me mantem eletrizado. Aliás, acho que quando nasci fazia um temporal com muitos raios, porque minha energia mental explode, faísca, gera palavras, modéstia à parte!

A palavra que pensei agora foi Caudilho. Ainda não tenho título para este texto. É outra brincadeira que faço; escrever e depois procurar um título.

O caudilhismo é um fenômeno cultural que primeiro surgiu durante o início do século XIX na América do Sul revolucionária, como uma forma de líder de milícia com personalidade carismática e um programa suficientemente populista de reformas genéricas a fim de auferir larga adesão, ao menos no início, das pessoas comuns, simplórias e incultas. 

Os Caudilhos tipicamente atribuíam a tarefa de conquistar poder sobre a sociedade e posicionar-se como líderes. Eram capazes de comandar grande número de pessoas e de prender a atenção de vastas multidões entusiasmadas.

Hoje os caudilhos estão por toda parte e são de todos os tamanhos. Exibem atitudes populistas e principalmente mentem muito, além de serem excessivamente contraditórios, embora o populismo não deixe que as pessoas percebam suas técnicas, velhas,  porem eficientes. 

Vendo uma reportagem de uma emissora em espanhol, percebo de forma clara, a contradição entre o discurso do caudilho Hugo Chávez condenando a riqueza. A TV mostra como vivem seus familiares. Sua filha Rosinés, empunhando um leque de dólares americanos, sendo que Chávez decretou o controle de dólares nas mãos de particulares.

Os comensais do banquete onde Chávez veste um terno com abotoaduras e relógio de grife francês. O traje e adornos usados por Chávez pode alcançar 30 mil dólares.

Não se trata de condenar a riqueza, pois até gosto muito de uns luxos, mas expor a contradição de Chávez que luta em defesa dos pobres da Venezuela.

Estas matérias só são acessíveis na Venezuela através da internet. Como a maioria não tem acesso, ouve apenas o discurso mentiroso do caudilho.

As críticas e análises só aparecem em jornais e televisões a cabo que não são acessíveis à grande massa. Com isso Chávez diz que não censura aqueles veículos que o criticam. Ora, como a maioria é analfabeta e despossuída, sobra apenas a TV estatal chavista que promove há mais de uma década a lavagem cerebral diária da grande massa.

Chávez é um mentiroso. E toda vez que se sente ameaçado, dispara sua metralhadora sobre os americanos, incitando o ódio e fechando a cortina que o protege e o mantém no poder.

Mas aterrissando aqui na nossa terra brasilis, há quem diga que o nosso maior caudilho foi o Lula. Temos da sua vida muito de seu próprio testemunho.  Do testemunho alheio se tem noticias do filho que se tornou um empresário  bem sucedido, e da filha muito pouco, além do fato de viver nos Estados Unidos . Dele próprio se percebe os ternos italianos e da mulher  luxos palacianos além de ter dupla cidadania. Vidinha bem diferente da maioria dos mortais brasileiros.

Mas aterrissando ainda mais, chegamos a Brasília com todas as fantasmagorias que povoavam a imaginação medieval e que ainda perduram  por aqui, temos os nossos governantes com seus discursos caudilhistas .
Aterrissando de vez, chegamos bem longe de Chávez, o grande caudilho, e encontramos um pequeno caudilho, o Zé do povo, no Varjão.

As questões subjacentes são: por que Zé do povo merece o título? Por que algumas pessoas permaneceram fiéis às suas loucuras? Por que e como os mistificadores têm sucesso em suas mentiras? 

Em alguns casos as mentiras de Zé do Povo são aceitas porque são úteis. 

Noutras vezes as pessoas acreditam em Zé do Povo porque suas mentiras dão um sentido às suas vidas, como o hebreu que vai com ele em busca do reino do Preste João na esperança de encontrar as tribos perdidas de Israel. Nesse caso a impossibilidade do resultado não é importante, a busca se torna o suporte da esperança.

Há, ainda, outro tipo de engano que da mesma maneira faz seguidores. As pessoas têm suas crenças e buscam qualquer coisa que as torne verdadeiras. Não é que creiam em algo porque encontraram evidências de verdade, mas acreditam nas evidências porque estão de acordo com suas conveniencias. Assim, não importa se os argumentos apresentados por Zé do Povo tenham procedencia ou não, a sua argumentação confirma a história e, assim, o desejo de que sejam verdadeiros supera a importancia material da farsa.

Isso faz com que se ouça até o fim o mentiroso e adquira se não amizade, ao menos simpatia pelo infeliz.
 
Afirmo que Zé do Povo tem consciência de que é falso, mas de maneira alguma é maldoso, ainda que tema o mal que pode derivar de seus erros. Quero esclarecer que de forma alguma pretendo extrair conclusões morais desse texto, o que seria uma terrível grosseria com o Zé do Povo.   

Apenas concluo que o fenômeno da comunicação é muitíssimo complexo, que nem sempre é fácil filtrar a realidade e muitos sequer desejam isso, e que, ao ligar a TV, temos uma infinidade de Zé do povo à nossa espera para nos enganar.

5 comentários:

  1. Plac...Plac...Plac...
    Ediverdade, este texto mericia mais aplausos, entretanto, só não os ecouo pelo meu pequeno casebre, pois não concordo com a parte que você se refere ao nosso (talvez realmente não seja seu) eterno Presidente Lula. Existem milhares, sem exagero algum, de exemplos e ícones de caudilhos Brasil a fora. Demóstenes, Joaquins, Jaquelines, Benícios e até Arrudas....
    Sobre Chavés e Zé do Povo concordo.
    Ademais, seu texto é muito longo e beira a prolixidade. Textos extensos não combinam com blogs e/ou comentário. Por isso paro por aqui. João Anônimo

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  2. Gostei muito deste texto. Sou blogueiro e peço sua permissão para reproduzir. Aqui em Londrina temos um caudilho chamado Barbosa Neto.

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  3. Hola, soy venezolano, 35 años de edad.
    No soy radical pero comparto con usted el gusto por la escrita. Generalmente escribo casi todos los fines de semana y cuando dispongo de suficiente tiempo hago algunas poesias.
    Estaré en Brasilia hasta el 15 del mes de mayo y naturalmente sería muy feliz de compartir amigos en Brasil.
    Pido mil perdones por escribir en Español, entiendo casi todo lo que leo en portugés pero otra cosa es la escritura, espero manejar algo más de portugués en los próximos mensajes.
    Me despido por ahora y ojalá conozca a algunos de ustedes en mi visita a Brasilia.
    Un abrazo.

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  4. Faltou falar dos miseráveis Sarney, Collor, ACM e do maior de todos o Roriz

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  5. o boneco do desenho parece mesmo o zemaria

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